sábado, 27 de agosto de 2011

OS SÍMBOLOS DO SANTO DAIME




Na doutrina do Santo Daime existem três principais símbolos, ou
referências simbólicas, que não se constituem em iconografia.
Discorreremos brevemente sobre cada um deles.
Um símbolo central do Santo Daime é o Santo Cruzeiro, fincado em
tamanho gigante, à esquerda de quem adentra o templo e orna também a
mesa de centro do salão de serviços. Um traço doutrinário distintivo
é que esta é a Cruz de dois braços, ou Cruz de Caravaca.
A Cruz de Caravaca surgiu na história da cristandade pela primeira
vez em 1232, na cidade espanhola de Caravaca, em Múrcia. No Brasil, a
Cruz de Caravaca chegou há muito tempo, trazida pelos primeiros
colonizadores, na esquadra de Martin Afonso de Souza.
Tida como um poderoso amuleto, passou a ser adotada pelos cruzados,
templários e missionários como símbolo de proteção. Popularmente os
dois braços significam fé redobrada. É comum ouvir os daimistas
dizerem que o segundo braço significa o retorno do Nosso Senhor Jesus
Cristo.
São muitas as interpretações: para os esotéricos, por exemplo, o
lenho vertical significa a cruz do espírito; e o lenho horizontal
simboliza o plano material, tendo como resultado o Homem, que é um
ser que se move no plano material com opção para ascender ou
descender espiritualmente. A cruz lhe recordará a sua posição na
escala evolutiva, e fará com que se centre no cruzamento do espírito
com a matéria.
Ao lado da Cruz de Caravaca, a doutrina do Santo Daime também adotou
o Santo Rosário católico. A palavra Rosário origina-se de rosa, flor
da roseira. O Rosário é uma enfiada de 165 contas, correspondentes ao
número de quinze dezenas de ave-marias e quinze pais-nossos para
serem rezados como prática religiosa, entremeado da contemplação dos
mistérios da vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo, sempre
relacionando essa caminhada com a Virgem Santíssima.
A devoção do Rosário teve o seu reflorescimento com as aparições de
Nossa Senhora em Lourdes, na França (1.858) e Fátima, Portugal
(1.917). Os rituais daimistas de Hinário (bailado) iniciam-se com a
reza do Terço – a terça parte do Rosário – e logo após o rosário é
depositado pela "puxante" no Cruzeiro da mesa de centro, o abraçando.
A oração do Santo Rosário é considerada uma benéfica prática,
impregnada de humildade, renascimento, caridade, pureza, penitência,
perdão, perseverança, devoção e fé na salvação eterna.
Outro importante símbolo doutrinário é a representação da lua
crescente com uma águia pousada no centro. Este símbolo está presente
na bandeira do Santo Daime; pode compor a insígnia portada no peito
direito do adepto – no centro da estrela de Salomão – e como elemento
simbólico e decorativo do salão da sede de serviços.
Esta é a representação simbólica do mito fundante da doutrina, quando
numa noite de lua cheia uma Senhora apareceu para o jovem Irineu
Serra dentro da lua. "E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher
vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze
estrelas sobre a sua cabeça". [8]
Consagrada como Mãe, Rainha, Lua Branca - identificada com a Virgem
Mãe Católica, Nossa Senhora da Conceição, a Senhora passa a lhe
entregar a doutrina do Santo Daime através dos hinos, que são as
revelações dos mistérios divinos.
A Estrela de Salomão ou o "Selo de Salomão" é uma outra referência
muito significativa para "os soldados do exército de Juramidam", pois
este é o símbolo que ostentam no peito. Também conhecido por escudo
ou estrela de David, é uma estrela de seis pontas, formada por dois
triângulos equiláteros, um perfeitamente invertido em relação ao
outro, que contém, entre vários atributos, os quatro elementos
alquímicos: o fogo no vértice superior, a água no vértice inferior, o
ar na reentrância à esquerda, entre os dois triângulos e, por fim, a
terra na correspondente reentrância à direita.
O hexagrama que é o Selo de Salomão reúne, na sua totalidade, além do
conjunto dos elementos do universo, as qualidades fundamentais da
matéria. Estas situam-se nas pontas laterais da estrela e
correspondem-se, duas a duas, com os elementos: quente e seco para o
fogo; frio e úmido para a água; quente e úmido para o ar; e frio e
seco para a terra. Assim, na tradição hermética, o Selo de Salomão
pretende exprimir, na sua aparente simplicidade, a complexidade
cósmica.
O hexagrama também pode reunir os sete metais básicos: o chumbo, o
estanho, o ferro, a prata, o cobre e o mercúrio - nas pontas da
estrela e rodando segundo os ponteiros do relógio - e, ao centro, o
ouro. O domínio alquímico desses elementos, na ciência esotérica,
permite ao iniciado mover conscientemente o seu corpo astral e viajar
com ele do plano físico a planos astrais superiores. O vôo astral que
o Daime possibilita.
Além desses signos aqui postos, admite-se no salão de serviços
daimista fotos do fundador da doutrina e de adeptos proeminentes,
alguns já falecidos, que contribuíram para a formação da irmandade.

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